quinta-feira, 18 de agosto de 2011

"Meu pai demorou cinco anos para me dar parabéns", diz Fiuk

Com produtor sertanejo, cantor estreia solo com apoio de Ben Jor e pegada à la John Mayer.



Violão na mão, voz macia, olhar tímido, mas postura segura. Lá fora, o cantor e guitarrista John Mayer experimentou a fórmula e é sucesso na música mundial. Aqui no Brasil, Fiuk quer ser o representante do segmento.
Quando anunciou que sairia da Hóri para se dedicar à carreira de cantor solo, o jovem afirmou que seguiria a linha do ídolo, a quem reservou um espaço na dedicatória de seu primeiro CDSou Eu, que chegou esta semana às lojas. No entanto, na hora de colocar a ideia em prática, quis encontrar seu próprio caminho e a figura do americano ficou na mistura de pop, reggae e rock das 11 faixas do álbum.
- Olhei para o meu próprio umbigo para fazer este disco. Desliguei de tudo para fazer este álbum, para me encontrar nele. Eu não queria um CD que todas as músicas têm a mesma cara. Eu queria achar uma praia minha.  Eu quero ouvir que fulano está fazendo um disco parecido com Fiuk. Esta é minha meta.
Sem medo de parecer prepotente, é com esta frase que Fiuk explica de onde tirou inspiração para produzir o primeiro disco solo, Sou Eu.  Apesar da pouca idade, em outubro completa 21 anos, o cantor sabe muito bem o que quer. Sem medo de represálias, ele é certo de suas atitudes: aparece fumando, bebe e se veste da forma que bem entende.
- Não sou um produto fabricado. Sou isso aqui mesmo. Não vou cantar forçando a voz de determinada maneira ou me vestir do jeito de não sei quem só para tentar agradar. Este sou eu. De verdade. Meus fãs precisam dessa verdade.
O jeitão sem papas na língua deve ser herança do pai Fábio Jr. Dele também veio a paixão pela música.
- Meu pai demorou cinco anos para me dar parabéns. A geração dele é de cantor solo, a minha de banda. Eu cresci com cabeça de punk rock. Ele sempre pegou no meu pé dizendo que era ruim. Brigamos feio, pois eu achava que ele não queria me ajudar. Hoje, vejo que, se não fosse por isso, eu não teria esta garra. Se eu tivesse tudo de mão beijada, eu não teria desenvolvido tanto como aconteceu.
No começo, ter o nome assimilado ao do pai incomodava o jovem.
- Hoje assino em baixo por Fábio Jr. ser o meu pai. Não dói falar sobre a comparação, mas aqui no Brasil as pessoas sempre acham alguma coisa para falar mal, para tentar explicar seu sucesso. Não reconhecem seu começo.
E foi esse o recado que o cantor colocou já na primeira música do CD, Cada um na Sua,  nos versos "Tempo para falar todo mundo tem/ Mas raça para fazer quase ninguém".


 Durante as gravações do álbum, Fiuk recebeu a visita do pai no estúdio. Emocionado, o cantor ouviu as canções atento e nem precisou dar pitacos de cantor veterano.
- Vivo tranquilo por ele não ter me dado uma mão no início. Se fosse ao contrário, hoje, quando alguém falasse que eu só estava aqui por causa do meu pai, eu não teria como reagir.
Pressão pós-Hóri
Quando a banda Hóri, que tinha Fiuk como vocalista, acabou, começou a pressão para os novos passos do galã de Malhação (Globo).
- Estava todo mundo com pedra na mão querendo o CD e eu falei: 'me esquece por quatro meses, galera, pois não vou fazer nada pré-fabricado para sair vendendo'.
Depois da fase de luto pela Hóri, apareceu na vida de Fiuk o produtor Dudu Borges, nome forte no mundo sertanejo e que no começo enfrentou uma resistência do cantor.
- Tive um pré-conceito, confesso. Mas quando ele mostrou o trabalho do Johnn Kip [cantor brasileiro que canta em inglês], fechamos a parceria na hora.
Com a nova missão, o twitteiro assíduo deixou até mesmo o microblog de lado para se dedicar ao disco.
- No estúdio é onde eu mais fico feliz. Parece férias para mim. Durante os quatro meses da produção do álbum, eu morei no estúdio e isto me deixava feliz. Avisei à gravadora (Warner Music) que se eles quisessem fazer um CD em um mês não iria rolar. Eu queria pensar no CD faixa por faixa.
E a primeira canção que caiu nas mãos do jovem foi Sou Eu, composição da dupla dinâmica Thiaguinho e Rodriguinho [Fugidinha Livre pra Voar]. De cara, a música, que virou a carro-chefe do CD, não agradou Fiuk.
- Era um pagode horrível. Com aquelas notas lá em cima. Sem preconceito, mas, nada a ver comigo.
O produtor desafiou o cantor a levar a composição para casa e deixá-la com a cara dele. Dito e feito. O "ex-pagode' se tornou a faixa-título do CD e ganhou o carinho do jovem, que, depois da modificação nos arranjos, identificou-se totalmente com a letra.
Das 11 faixas, a preferida do cantor é Foi Preciso Você, composta por Wilson Sideral. Ela só não tem mais importância do que Quero Toda Noite, que tem a participação de ninguém menos do que Jorge Ben Jor.
- Foi um honra tê-lo no estúdio comigo, me chamando de 'Branquinho'.
Cinco faixas levam a assinatura do cantor, inclusive uma em parceria com o pai, Sempre Mais.
Da época de Hóri, ele trouxe Linda, Tão Linda, que ganhou um versão mais acústica e sensual.
Os shows devem rodar pelo Brasil inteiro, a partir de setembro.


 


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